A Operação Parasitas prendeu 23 pessoas, entre fiscais da Vigilância Sanitária e empresários, envolvidas em um esquema de corrupção que arrecadava cerca de R$ 50 milhões por ano extorquindo comerciantes de diversas áreas na cidade do Rio de Janeiro. A ação ocorreu na madrugada desta quinta-feira feita pela Polícia Civil e pelo Ministério Público, com apoio da Secretaria de Segurança e da Subsecretaria de Vigilância Sanitária do Município.
Durante a manhã, a polícia apreendeu mais de R$ 1 milhão em dinheiro, três armas, computadores e documentos. "Esse número deve crescer ao longo do dia, já que ainda faltam apreensões a serem feitas", afirmou o delegado Alexandre Capote, da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco).
O esquema era investigado desde 2010 e os fiscais cobravam de R$ 150 a R$ 500 por mês de cada comerciante para evitar fiscalizações. "Quando um estabelecimento não tinha problemas, eles inventavam", contou o delegado Rodrigo Leão. "Uma empresária gastou milhões na obra de um estabelecimento e o fiscal a multou pela sujeira do filtro do ar-condicionado. Ela ficou livre da fiscalização pagando R$ 400 por mês de propina", explicou.
Apenas na casa de um dos fiscais, Luis Carlos Ferreira de Abreu, em Campo Grande, a polícia apreendeu R$ 800 mil em dinheiro. "Com cheiro de naftaltina e amarrado com barbante, porque elástico com o tempo gruda e rasga a nota", explicou o promotor do Ministério Público Homero Freitas, responsável pela denúncia.
Na casa de outro foram encontrados R$ 120 mil e um contracheque da prefeitura no valor de R$ 2,8 mil, que era seu salário mensal. De acordo com o Homero Freitas, quase todos os envolvidos viviam em residências incompatíveis com seus ganhos. Em geral, eles trabalhavam em duplas e em áreas fixas na cidade.
Rodízio entre fiscais
A Secretaria Municipal de Saúde ainda tentou criar um rodízio entre os fiscais para tentar dificultar o esquema, mas quando um fiscal era removido fazia questão de "apresentar" o novo fiscal aos comerciantes que estavam sendo vítimas. "Os comerciantes eram todos vítimas e seis deles colaboraram e muito nas investigações", explicou Alexandre Capote.
No esquema estavam envolvidas também uma empresa de dedetização e um escritório de arquitetura. No caso da empresa de dedetização, ela era indicada ao empresário após a fiscalização e eram obrigados a fazer o serviço com aquela firma. O mesmo ocorria no caso do escritório de arquitetura, que intermediava obras pedidas pelos fiscais, que acusavam os estabelecimentos de irregularidades.
A polícia ainda procura um homem suspeito de ser um dos líderes da quadrilha, Eduardo de Nigris, funcionário que tinha cargo de confiança na Secretaria Municipal de Saúde e que recebia parte do que era arrecadado nas ruas. De Nigris está em viagem ao exterior e a Polícia Civil já acionou a Polícia Federal e a Interpol (a polícia internacional) para monitorá-lo no retorno ao Brasil.
De acordo com Homero Freitas, do Ministério Público, a operação quebra um paradigma. "Agora os comerciantes podem denunciar os fiscais corruptos e ter a certeza de que estes serão presos", afirmou. Os criminosos vão ser indiciados por crimes de formação de quadrilha, corrupção e concussão (exigir para si dinheiro ou vantagem em razão da função que ocupa) e podem pegar até 12 anos de prisão.
Fonte: Portal Terra.
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