∴ Diogenes Bandeira - Consultor de Segurança Eletrônica ∴

∴ Diogenes Bandeira - Consultor de Segurança Eletrônica ∴

O impacto da cultura hacker no jornalismo


Qual a maior colaboração da cultura hacker com o jornalismo? A pergunta é de Liliane Pereira, do Núcleo de Jornalismo da Agex, para Walter Lippold, professor do curso de História e da Faculdade de Comunicação Social da UniRitter e especialista na área de tecnologia. Da entrevista, tirei este excerto:

Walter Lippold: O maior impacto no jornalismo é a transparência de dados que tem conexão com a WikiLeaks, e o Julian Assange é um nome chave nesse assunto. A grande questão também é a vinculação de mídias, de empresas e de jornais que vão trabalhar junto com a WikiLeaks para minerar esses dados. O que está em jogo é o acesso aos dados. No escândalo do caso Cablegate, que é uma das documentações que estão expostas na WikiLeaks, tu tens acesso à documentação da diplomacia dos Estados Unidos, um acesso que os jornalistas nunca tiveram. Então, por acessar a fonte de forma direta é possível notar como cada jornal trabalha a informação e produz o texto jornalístico. O jornalista atua muito nessa área da interpretação do dado e em elencar aquilo que é mais importante para a população.

O livro Cypherpunks, de Julian Assange, por exemplo, fala disso. E aí é possível ver também a mídia alternativa atuando com a mídia tradicional. O maior impacto da cultura hacker e da WikiLeaks é que ao disponibilizar a base documental da publicação, o que a maioria dos jornais não fazem, se cria o jornalismo Creative Commons que diz: a fonte está aqui, pode usar a vontade. Quando tu lês o texto e tem acesso à fonte, tu percebes que, de acordo com a interpretação feita, tu tens a posição política daquele jornal ou daquele indivíduo. O livro trás uma questão importante que diz que tendo acesso às fontes permitimos que dezenas de veículos e jornalistas independentes ou não, ativistas e usuários se apropriem da documentação da fonte e também se tornem provedores de jornalismo de qualidade. Nesse conceito existe uma noção hacker intrínseca na maneira como a WikiLeaks pratica o jornalismo.

Se, por um lado, a organização se alia a veículos tradicionais da mídia, assim como a veículos alternativos, por outro, ela incentiva a disseminação de conteúdos livres fora dessa indústria. E a indústria da notícia hoje é uma das principais trincheiras na disputa pelo vasto mundo da internet. Aí está a grande noção hacker e aí vemos que a questão da segurança do jornalista é secundária perante isso. É importante citar que o documento que serve como fonte também pode ter sido forjado ou ter a sua visão de mundo impressa ali.

Para o estudante de jornalismo isso também é maravilhoso, porque se ele estiver imbuído em uma formação de qualidade ele vai notar como é que se produz o jornalismo por dentro. Da fonte, à interpretação, ao levantamento de todos os dados até a tabulação dessas informações. Esse é o impacto da cultura hacker no jornalismo. Ser hacker é um pouco como ser jornalista. Ter curiosidade, ir atrás das fontes, mostrar o que o público precisa ver e que muitas vezes governos, empresas e corporações escondem.


Por: Paulo Querido/Hoje
Fonte: Shifter
Edição: Diogenes Bandeira - Consultor de Segurança Eletrônica
Blog: Diogenes Bandeira
O impacto da cultura hacker no jornalismo O impacto da cultura hacker no jornalismo Reviewed by Consultor de Segurança Eletrônica on 11:59:00 Rating: 5

Nenhum comentário:

Pixel Segurança Eletrônica

Pixel Segurança Eletrônica
Tecnologia do Blogger.