Andar de Metrô nunca foi tarefa fácil para a estagiária Elaine, que prefere ser identificada apenas pelo primeiro nome. Como milhões de paulistanos, a jovem de 24 anos enfrenta a superlotação diariamente. De um mês para cá, no entanto, a ida e a volta ao trabalho se tornaram um pesadelo ainda maior. Ela foi vítima de abuso sexual na Linha Vermelha
e convive com o medo de acontecer de novo. De janeiro até agora a Delpom (Delegacia de Polícia do Metropolitano) já registrou 91 casos parecidos em trens e estações da
capital. “Agora, se alguém encosta em mim, chego a passar mal. É traumatizante”, diz Elaine, que estava indo trabalhar, por volta das 7h45, quando um passageiro ficou olhando
para ela e se encostando. “Estava muito cheio. Não tinha como se afastar”, relata. Quando desceu do trem, a jovem percebeu que o homem havia ejaculado na roupa
dela. Comunicou aos seguranças, mas não foi mais possível pegar o acusado. A vítima fez boletim de ocorrência na Delegacia do Metrô, que fica na Estação Barra Funda. “Se a gente não denunciar, não será possível ter noção do número de casos. Uma hora alguém faz alguma coisa”, fala. Vagão rosa/ Para a estagiária, a solução seria o Metrô disponibilizar um ou mais vagões exclusivos para mulheres nos
horários de pico, como ocorre no Rio de Janeiro e em outras cidades do mundo. A mesma opinião tem a bancária Jéssica, de 23 anos, que também não quer ter o nome completo revelado. Ela foi vítima da
famosa “mão boba”, no último dia 29, quando voltava do trabalho, entre as estações República e Brás, na Linha Vermelha. “Primeiro pensei que fosse sem querer, mas o cara continuou. Aí, segurei a mão dele e desci atrás.” Outra moça que também tinha sido vítima do homem desceu e as duas começaram a discutir com ele. Os seguranças se
aproximaram e todos foram para a
delegacia, onde o acusado assinou um termo circunstanciado. Ele responderá em liberdade por importunação ofensiva ao pudor, crime que geralmente resulta em
penas como prestação de serviço. “Foi desgastante ficar na delegacia até meia-noite, mas agora ele está consciente que da próxima vez a situação pode se agravar.”
Vítimas em potencial:
O aperto nos vagões nos horários de pico se tornou um drama para as mulheres, que viraram alvos de tarados durante as viagens nos trens.
Lugares onde há separação:
No Rio de Janeiro uma lei estadual, de 2006, obriga o MetrôRio a destinar vagão só para mulheres das 6h às 9h e das 17h às 20h. Há leis semelhantes no Japão, Índia e México, onde há até ônibus exclusivo
para elas
Alguns casos que viraram notícia:
Em julho do ano passado, na Estação
Sacomã, uma mulher de 34 anos abordou um rapaz para pedir informações e acabou levada por ele para um local sem câmeras, onde quase foi estuprada. Segundo ela, o
acusado chegou a tirar a roupa, mas ela conseguiu escapar e correu em busca de ajuda. O homem conseguiu fugir, mas imagens da câmera de segurança foram divulgadas pela imprensa e ele foi detido um mês depois.
ABUSO NO VAGÃO:
Em outubro de 2011, uma estudante de 21 anos foi molestada num trem da Linha Vermelha. A vítima foi perseguida por um homem, que ficou atrás dela no vagão lotado e a prensou, com a calça aberta. Ela pediu ajuda e outros passageiros
chamaram os seguranças. O advogado Walter Dias, de 46 anos, foi
preso em flagrante.
GUARDA TARADO:
Uma jovem de 24 anos foi abusada dentro de um trem do Metrô no dia 4 de novembro do ano passado por um guarda-civil, de 35 anos. Segundo a vítima, o homem tirou o pênis da calça e ficou esfregando nela. Dois passageiros que presenciaram a situação chamaram a
segurança. O suspeito foi detido na
Estação Tatuapé.
FILMADOR DE CALCINHAS:
No último dia 24, o porteiro Vagner
Joaquim da Silva, de 36 anos, foi detido na Estação Vergueiro após ser flagrado por policiais da Delegacia do Metrô filmando uma jovem de saia que descia a escada rolante. No celular do homem havia vídeos e fotos pornográficas de sites e imagens da calcinha de mulheres dentro do Metrô. Empresa excluiu vagão exclusivo. O Metrô diz que a criação de um carro exclusivo para mulheres não é solução para o problema dos ataques a mulheres,
pois infringe o direito de igualdade entre gêneros à mobilidade livre. Além disso, seria de difícil adoção, já que as usuárias correspondem à maioria dos quatro milhões de passageiros diários do Metrô
(54%). A empresa afirma contar com
campanhas de orientação e estratégias de segurança nas estações e vagões, com monitoramento por câmeras em todas as áreas públicas. Há funcionários uniformizados e à paisana para patrulhamento e identificação de infratores. Policiais da Delegacia de Polícia do Metropolitano também fazem rondas
constantes. Qualquer comportamento inadequado percebido pelos passageiros deve ser levado a um segurança ou ao
serviço de SMS-Denúncia (97333-2252).
DIÁRIO opina:
Pelas mulheres contra o silêncio
Embora seja forçoso reconhecer a
dificuldade de se controlar desvios sexuais de um contingente tão grande quanto os usuários do Metrô, só uma atitude aproxima a sociedade de uma solução. É preciso que as mulheres, a despeito do desconforto moral, denunciem, para que os criminosos sejam exemplarmente punidos.
Fonte: Diário de São Paulo.
Eu acredito que dar para resolver esta questão sem fazer vagão execlusivo para as mulheres, no lugar de comprar novos vagões para elas, deveria ter um investimento maior em câmeras IP de CFTV e com isso poderia ver a ocorrência mediante a denucia por meio das imagens de CFTV. Para completar os sistema de segurança, os seguranças poderia fazer triagens em todo o sistema ferroviario, vagão por vagão. A vantagem desta triagem seria que os seguraças poderia está sem o uniforme da empresa. Sem uniforme? Sim. Para os criminosos identificar os seguranças seria mais dificil e ariscado para ele cometer o seu ato de abuso. Já trabalhei com triagem desta forma, sem uniforme da empresa abordagem era muito simples a central informava o local para nós, chegava perto da pessoa e muitas vezes eles nem sabia quem eu era.
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